sexta-feira, 25 de março de 2011

O Evangelho, segundo Borges.

- Feliz aquele que perdoa aos outros e aquele que 
perdoa a si mesmo.


- Bem-aventurados os mansos, porque não 
condescendem com a discórdia.


- Bem-aventurados os que não têm fome de justiça, 
porque sabem que nossa sorte, adversa ou piedosa, é 
obra do acaso, que é inescrutável.


- Bem-aventurados os misericordiosos, porque sua 
felicidade está no exercício da misericórdia e não na 
esperança de um prêmio.


- Desventurado o pobre de espírito, porque sob a terra 
será o que é agora na terra.


- Desventurado aquele que chora, porque já tem o 
hábito miserável do pranto.


- Felizes os que sabem que o sofrimento não é uma 
coroa de glória.


- Não basta ser o último para ser alguma vez o primeiro.


- Feliz aquele que não insiste em ter razão, porque 
ninguém a tem ou todos a têm.



Jorge Luis Borges
Poeta argentino.

Onde está a religião?





A religião está no coração
e não nos joelhos.


Douglas William Jerrold

.,.,.

Acrescento: e muito menos
nos bolsos das pessoas.

JJ

.,.,.

Paraíso?

Desde pequenos, somos acostumados
a acreditar no Paraiso.
Naquele lugar perfeito, para onde todos
deveremos ir, se formos bons nesta vida.
Para valorizar o Paraíso, criaram o
Inferno e Purgatório.
Para o Inferno, irão todas as pessoas ruins.
Para o Purgatório, irão as que não foram boas
o suficiente para ir sem escalas para o Paraíso
e nem tão ruins para irem arder no Inferno.
Eternamente...
Ah! o Inferno...um buraco quente, cheio
de fogo, lava e cheiro de enxôfre...
O Purgatório ninguém conta como é.
Deve ser um mormaço cinzento. Enjoativo.
E o Paraíso? Bem o Paraíso deve ser no Céu,
com os anjinhos sem sexo, no meio das nuvens brancas,
na imensidão do céu azul de brigadeiro, ao som de harpas.
Deve ser meio chato, depois de meia hora.
Imaginem eternamente...
De uma forma ou de outra, todas as religiões pregam
alguma esperança de vida após a morte, 
num lugar melhor, bem melhor do que este em que vivemos e ao qual tanto nos apegamos.
Ninguém quer morrer, mesmo que exista o Céu.
Todos temos o direito de acreditar no que quisermos.
Mas, convenhamos, é tudo muito conveniente e humano,
nas explicações sobre a vida após a morte.
Muitos acreditam que vão voltar à Terra, reencarnados.
Outros, que vão viver na eternidade com o anjos e
com as pessoas queridas que não foram para o Inferno.
Todas as religiões e crendices criam o mito da vida
após a inevitável morte.
E parece que quase todos os humanos tem uma necessidade absoluta de acreditar em alguma forma
de Paraíso, de Céu e de Inferno.
Precisamos de recompensas após a morte para
ser pessoas de bem. Ou precisamos da punição eterna?
Não consigo acreditar que qualquer deus trate desta
forma as suas crianças, que no máximo vivem uma
vida curtíssima neste planeta.
Não sei, sinceramente, o que acontece depois da morte.
Só sei que devo procurar ser o melhor que posso enquanto estiver vivo.
Se reencarnarei em outra vida, ou acordarei no Paraíso, esse é um problema pra eu resolver depois.
Agora, o importante é viver a vida, em paz e bem.


JJ