sábado, 7 de janeiro de 2012

Memória e raciocínio diminuem a partir dos 40 anos. Não se assuste,

Memória e raciocínio parecem começar a diminuir perto dos quarenta anos, muito antes do estimado até agora, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira, 6, na revista médica britânica British Medical Journal.

Até agora, acreditava-se que a perda ou diminuição das faculdades mentais começava aos 60 anos, mas a nova pesquisa situa essa deterioração muito antes.
A análise dos dados foi conduzida por especialistas do Centro de Investigação em Epidemiologia e Saúde da População de França e da University College de Londres, que estudaram a saúde mental de mais de sete mil pessoas em um período de dez anos.
O estudo foi focado em funcionários públicos do Reino Unido, com idades entre 45 e 70 anos no início da investigação, que foi realizada entre os anos de 1997 e 2007 e levou em conta os diferentes níveis educacionais dos voluntários.
As funções cognitivas foram avaliadas três vezes ao longo do período, a fim de avaliar a memória, o vocabulário, a audição e a compreensão. Entre as tarefas solicitadas, estavam escrever o maior número de palavras que pudessem lembrar começando com a letra S e a maior quantidade de nomes de animais.
Todas as pontuações cognitivas, com exceção do vocabulário, começaram a diminuir em todos os grupos de idades estudados e os autores puderam detectar que a queda foi mais rápida entre os mais velhos.
"A expectativa de vida continua aumentando e entender o envelhecimento cognitivo será um dos grandes desafios deste século", concluem os autores.
Os especialistas também destacaram a importância de levar uma vida saudável, já que isso traz benefícios a longo prazo. "Existe um consenso de que aquilo que é bom para o coração, também é para a cabeça", dizem. 
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Fonte: EFE/Estadão

Profecias para 2012

Assinava suas profecias como Nostradamus, conhecedor da fraqueza humana por leviandades como qualquer coisa com o título em latim.
Na verdade, seu nome era Michel de Nostredame e nascera na Provença, França, logo no início do século 16. Boa família, bom ensino.
Foi apotecário, médico e alquimista
Na Renascença, menos de três ocupações e você era queimado vivo por ignorância e vagabundagem.
Ainda como um Michel, desses que rondam até hoje o Quartier Latin, em Paris, foi o primeirão a descrever o ácido benzoico, que não serve para pô nenhuma, mas, frize-se, estamos na Renascença e tudo era uma correria danada para inventar, descobrir ou fazer coisas. Data daí a invenção do elixir paregórico.
Com menos de 50 anos, em 1555, lança seu livro (como hoje, sem livro você não é nada), com o título, claro, em latim, “O Alquimista”, no qual não previu sequer o futuro nascimento de um grande escritor acadêmico brasileiro no século 20.
O volume lançou-o no mercado editorial. Vendeu direitinho e data daí a pequena fortuna acumulada com seus direitos autorais (uma tiragem de 3 mil exemplares era considerada uma boa).
Michel, além de passar para o latim o sobrenome, pois essa era a prática em moda, passou a se interessar por ocultismos, com ênfase na previsão do futuro.
Passou 10 anos trabalhando no livro que imortalizaria seu nome (ou seja, de um Michel qualquer passaria a ser conhecido como Nostradamus, nome de efeito bem mais comercial), a célebre obra até hoje ainda por ser decifrada em sua totalidade, não que tenha tido parte alguma revelada.
Deu ao tomo o nome de (e traduzo) “As Profecias”, pois eram exatamente isso: cantar as pedras futuras em linguagem cifrada e, para dar molho, em mil quadras, ou “centúrias”, de decassílabos.
Muitos renascentistas de baixo nível intelectual só o chamavam de “o capeta” e tudo fizeram para que o pobre Nostradamus fosse queimado vivo, outra prática renascentista que, felizmente, não chegou até nós.
Foi um sucessão, um chuá. Livro mais lido do que o volume xará ainda por ser posto em letra de forma no século 20. Isso porque Nostradamus tomou o sensato cuidado de ser o mais hermético possível, tornando cada uma de suas mil quadras impenetráveis como Belinha (1969-1991), a irmã mais moça de Sérgio Damasceno (1962-2002), de Uberlândia, MG.
Esse o segredo de Nostradamus: tornar cada “profecia” (e tome aspas) o mais intrincada possível.
Nostradamus, tal qual um Michel qualquer de esquina, foi incapaz sequer de prever que, ainda muito moço, sofreria de epilpesia, gota e insuficiência renal, nenhum dos males que foi capaz de prever, profetizar ou sequer diagnosticar em seu tomo clássico.
Abaixo, sem rimar ou metrificar (isso é coisa de bichona), depois de muitos estudos, transcrevo o que consegui apurar de umas poucas quadras que consegui desobscurecer no sentido de tornar o ano entrante (vai ser botante também, hem, cuidado!) mais claro.
Quadra 23 – “O grande Rei, de azul vestido, vai entrar pelo cano qualquer dia desses, cavalgando sete mulas e um bode preto invocado como o quê.”
Quadra 44 – “Quantas vezes terei de repetir: Maria Clotilde, esposa do ferreiro Manuel Parreira, está dando para o farmacêutico Elias desde 1975. Já tem 7 anos. Isso é uma pouca vergonha e um desrespeito ao meu trabalho como profeta renascentista profissional. Parem com isso, gente!”
Quadra 51 – “Obama, Obama, te cuida rapaz. Esse pessoal que te aconselha em coisas relativas a dinheiro quer ver tua caveira. Do jeito que vais não conseguirás se reeleger nem como lanterninha de poeira em Dayton, Ohio.”
Quadra 63 – “Quem com ferro fere com ferro será ferido.”
Quadra 73 – “Por trás da montanha o sol nascerá de uma flor distribuindo seu doce mel entre as gentes e os animais selvagens. E seu nome será Dorinha. Celular 020 78689632. Atende em casa. Preços módicos.”
Quadra 79 – “O escudo lampejará entre farândulas e sua onipotência quedará invicta até que o cavaleiro a que chamam de “O escudo tricolor” resolva dar uma solução no espinhoso problema. Mais uma criação do inesgotável Stan Lee.”
Quadra 93 – “O que é o que é que começa com M tem R no meio e não é Maria?”
Outras quadras serão examinadas mais de perto no decorrer de 2012.
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IVAN LESSA
Jornalista e colunista da BBC Brasil.

Você está num buraco?


“Se você está no buraco,

não se desespere, pois ainda não 

começaram a jogar terra em cima”.



Yasser Arafat

<>

Não desista.

Porque hoje é sábado

Hoje é sábado, amanhã é domingo

A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.

II

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado
Hoje há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado
Há um rico que se mata
Porque hoje é sábado
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado
Há um grande espírito-de-porco
Porque hoje é sábado
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado
Há criançinhas que não comem
Porque hoje é sábado
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado
Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado
Há uma comemoração fantástica
Porque hoje é sábado
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado

III

Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens,
ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres como
as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas
em queda invisível na
terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda
e missa de
sétimo dia.
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das
águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em [cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e [sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.


Vinicius de Moraes