A vida não pode ser só trabalho, stress, rancor, angústia e insegurança. Nós somos os únicos responsáveis pela qualidade das nossas vidas. Cabe a cada um de nós planejar seu próprio futuro e melhorar seu presente, a cada dia que passa. A vida passa rápida demais, para não ser bem vivida, com paz, amor, tranquilidade, relax, lazer, prazer e relacionamentos positivos. Por isso mesmo é que A vida não é só isso. JJ
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
Somos queijo gorgonzola
Estamos envelhecendo, estamos envelhecendo, estamos
envelhecendo, só ouço isto.
No táxi, no trânsito, no banco, só me chamam de senhora.
E as amigas falam “estamos envelhecendo”, como quem diz “estamos
apodrecendo”. Não estou achando envelhecer esse horror todo.
Até agora. Mas a pressão é grande.
Então, outro dia, divertidamente, fiz uma analogia.
O queijo Gorgonzola é um queijo que a maioria das pessoas que
eu conheço gosta.
Gosta na salada, no pão, com vinho tinto, vinho branco,
é um queijo delicioso, de sabor e aroma peculiares,
uma invenção italiana, tem status de iguaria com seu sabor
sofisticadíssimo, incomparável, vende aos quilos nos
supermercados do Leblon, é caro e é podre.
É um queijo contaminado por fungos,
só fica bom depois que mofa. É um queijo podre de chique.
Para ficar gostoso tem que estar no ponto certo da deterioração
da matéria. O que me possibilita afirmar que não é pelo fato
de estar envelhecendo ou apodrecendo ou mofando que
devo ser desvalorizada.
Saibam: vou envelhecer até o ponto certo,
como o Gorgonzola. Se Deus quiser, morrerei no ponto G
da deterioração da matéria. Estou me tornando uma iguaria.
Com vinho tinto sou deliciosa. Aos 50 sou uma mulher para
paladares sofisticados. Não sou mais um queijo Minas
Frescal, não sou mais uma Ricota, não sou um
queijo amarelo qualquer para um lanche sem compromisso.
Não sou para qualquer um, nem para qualquer um dou bola,
agora tenho status, sou um queijo Gorgonzola.
Maitê Proença
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