Não sei se todas as pessoas têm esta percepção: a de ter vivido em outro lugar, em outras épocas.
Eu tenho.
Senti isso pela primeira vez em 1973, quando estive em Madri, na minha primeira viagem para fora do Brasil, quando eu tinha 21 anos de idade. Fui estudar a fascinante História da Arte Italiana, na Itália toda. Depois fui fazer reportagens e passear pela Alemanha, Inglaterra, França e Espanha.
Um Mundo novo se descortinou aos meus olhos e sentidos, em cada lugar.
Mas foi em Madri que tive este sentimento de já ter estado, vivido lá. Foi uma sensação de estar em casa, num lugar que jamais havia visitado. Bem incrível. Não senti o mesmo, anos depois, em Barcelona (muito embora tenha adorado a cidade).
Tenho também algo a ver com os índios norte-americanos.
Um dia minha filha me presentou com um estudo sobre meu horóscopo e vidas passadas, que revelava curiosamente que eu teria sido um cacique indígena na América do Norte.
Ano mais tarde, em Quebec, tive contatos com índios locais e minha identificação com eles foi notável. Tanto que ganhei uma máscara de grande chefe, feita a canivete, ali, na hora, por um deles.
Um dia, folheando uma revista People, encontrei uma oferta de um prato, pintado a mão, de um cacique rezando, no alto de uma montanha, ao por do sol, montado em seu cavalo com os braços totalmente abertos e o peito nú ofertado ao seu Deus. Dizia inscrição: "Manitou, thanks for this another day" - Manitu, obrigado por mais este dia, ou algo assim.
Não consegui adquirir a pintura, porque a oferta só era válida para os Estados Unidos, mas aquela imagem ficou para sempre em minha vida e em minha memória.
Obrigado por mais um dia!
Tanto que rezo assim, de braços e peito aberto, agradecendo a Deus pela felicidade de cada dia. Faço-o sózinho, no chuveiro quase frio, como se aquela água me purificasse (limitado pela minha vida quase que 100% urbana).
Quando vou ao campo, costumo fazer o mesmo, sózinho, abrindo os braços e dedos ao extremo. É como se uma energia passasse por ali, entrando e saindo do meu corpo.
JJ
PS.: Engraçado, nunca tive vontade de ir visitar a Polônia, dos meus antepassados mais recentes, se bem que curto muito a música e a culinária polonesa, assim como a arte, a história, as pêssankas e o idioma polonês.
Digo, com orgulho, que sou polaco, filho e neto de polacos.
Nesta vida, se é que vivemos outras...
JJ
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